16.6.11

Auto-ajuda, ou Cristo ajuda?

















Você, Dorothy de “O mágico de Oz” e eu... temos muito em comum.

Todos nós sabemos como é estar em terras distantes, rodeados de gente estranha.

Embora nosso caminho escolhido não esteja coberto de tijolos amarelos, continuamos esperando que ele nos conduza para casa.
As bruxas do leste desejam mais que nossos sapatos cor rubi.
E Dorothy não é a primeira pessoa a encontrar-se rodeada de gente carente de cérebro, coração e coluna vertebral.

Podemos compreender a Dorothy.

Mas quando Dorothy chega à Cidade Esmeralda, a comparação é incrível. Pois o que lhe disse o mágico, alguns pensam que é o que Deus diz a nós.

Você se lembra da trama. Cada uma das personagens principais se aproxima do mágico com alguma necessidade. Dorothy procura um caminho para casa. O espantalho deseja sabedoria. O homem de lata deseja um coração. O leão necessita de coragem. Segundo o que ouviram, o mágico de Oz pode conceder as quatro coisas.

De modo que se aproximam. Tremendo e reverentes, se aproximam. Tremem em sua presença e ficam sem alento diante de seu poder. E, juntando todo a coragem possível, lhe apresentam os seus pedidos.

Sua resposta? Ele os ajudará depois que demonstrem que o merecem. Ele os ajudará tão logo como consigam vencer a fonte da maldade. Tragam-me a vassoura da bruxa, diz ele, e vou ajudá-los.

De modo que fazem isso. Escalam as paredes do castelo e destroem a bruxa e, no processo, fazem uns descobrimentos surpreendentes. Descobrem que podem vencer o mal.

Descobrem que com um pouco de sorte e uma mente rápida pode-se enfrentar o melhor que o pior tem para dar. E descobrem que podem fazer tudo isso sem o mágico.

O que é bom porque, quando regressam a Oz, os quatro descobrem que o mágico é um covarde. A cortina se abre e fica exposto o todo-poderoso. Aquele que adoravam e temiam era um professor careca e gordinho que pode montar um bom espetáculo de luzes, mas nada pode fazer para resolver seus problemas.

Contudo, ele mesmo se redime pelo que mostra a este grupo de peregrinos. (Esta é a parte que me faz pensar que o mágico porventura tenha percorrido alguns púlpitos antes de conseguir a posição de mágico). Ele diz a Dorothy e companhia que todo o poder que necessitam é o que já têm.

Explica-lhes que o poder para solucionar seus problemas sempre havia estado com eles. Pois não tinham demonstrado sabedoria o espantalho, compaixão o homem de lata e valor o leão, quando enfrentaram a bruxa? E Dorothy não necessita a ajuda do todo-poderoso Oz; a única coisa de que precisa é um bom balão de ar quente.

O filme acaba quando Dorothy descobre que seu pior pesadelo na realidade era só um mau sonho. Que o seu lar, em algum lugar além do arco-íris se encontrava exatamente onde ela sempre tinha estado. E que é agradável contar com amigos em lugares elevados, mas que, no final das contas, cumpre a cada um encontrar o próprio caminho para casa.

A moral de "O mágico de Oz"? Tudo o que você pode chegar a precisar, já o tem.

O poder que necessita é na realidade um poder que você já tem. Só é necessário que o busque com a suficiente profundidade, o tempo necessário, e não haverá nada que não possa fazer.

Isso lhe parece familiar? Isso lhe parece patriótico? Ou, ainda, lhe parece... cristão?

Durante anos pensei que o fosse. Sou rebento de uma robusta estirpe. Produto de uma trabalhadora cultura operária que honrava a decência, a lealdade, o trabalho árduo e amava versículos da Bíblia como: "Deus ajuda a quem ajuda a si mesmo". (Não, você não vai encontrar isso na Bíblia).

"Deus o iniciou e agora devemos acabá-lo", era nosso lema. Ele tem feito a parte que lhe corresponde; agora nós fazemos a nossa. É uma proposta de cinqüenta por cento cada um. Um programa do tipo "faça você mesmo" que enfatiza a parte que nos toca e não atribui a importância necessária à parte que corresponde a Deus.
"Bem-aventurados os ocupados", proclama esta teologia, "pois eles são os verdadeiros cristãos!"

Nessa visão, não há necessidade do sobrenatural. Não há espaço para o extraordinário. Não há lugar para o transcendental. A oração vira algo simbólico. (A verdadeira força está dentro de você, não "lá em cima").

A comunhão se converte num ritual. (O verdadeiro herói é você, não Ele). E o Espírito Santo? Pois o Espírito Santo chega a ser algo que oscila entre uma boa disposição e uma atitude mental positiva.

É um enfoque que vê a Deus como quem deu corda ao mundo e foi embora. E a filosofia dá resultado... sempre que você trabalhe. Sua fé é forte, enquanto você seja forte. Sua posição é segura, enquanto você seja seguro. Sua vida é boa, enquanto você seja bom.

Mais, aí de nós, é aí onde reside o problema. Segundo disse o Mestre: "Não há bom senão um só" (Mt 19:17, ACF). Tampouco há ninguém que seja sempre forte; nem ninguém que sempre esteja seguro.

O cristianismo "faça-você-mesmo" não traz resultados de grande alento para o exausto e o cansado.

A auto-santificação aponta pouca esperança para o adicto [aquele que está tentando romper o ciclo vicioso das drogas].
"Esforce-se um pouco mais", pouco ânimo dá ao necessitado.
Em certo momento precisamos de algo mais que bons conselhos; necessitamos de ajuda.

Em certo momento desta viagem para casa percebemos que uma proposta de cinqüenta-cinqüenta [50% com Deus e 50% por nossa conta] é insuficiente. Necessitamos mais... mais que um rechonchudo mágico que nos agradece por termos vindo, mas nos diz que a viagem foi desnecessária.

Necessitamos de ajuda. Ajuda de dentro para fora. O tipo de ajuda que prometeu Jesus. "E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco, e estará em vós" (João 14:16-17, ACF, ênfase do autor).

Observe as palavras finais do versículo e ao fazê-lo, perceba o lugar de moradia de Deus: "em vós".

Não perto de nós. Não acima de nós. Não em volta de nós. Mas sim em nós. Na nossa parte que nem sequer conhecemos. No coração que nenhum outro viu. Nos meandros ocultos de nosso ser mora não um anjo, não uma filosofia, não um gênio, mas sim Deus.

Imagine isso.

Quando minha filha Jenna tinha seis anos de idade, eu a encontrei de pé em frente a um espelho de corpo inteiro. Estava olhando dentro de sua garganta. Perguntei-lhe o que fazia e me respondeu: "Estou tentando ver se Deus está em meu coração".

Ri e me voltei, e depois consegui ouvir que ela perguntava: "Estás ai dentro?" Quando não obteve resposta, se impacientou e falou por Ele. Com a voz mais grave que podia conseguir uma menina de seis anos disse: "Sim"!

Ela formulou a pergunta correta: "Estás ai dentro?" Será que o que nos dizem é verdade? Não bastou que aparecesses numa sarça ou que morasses no templo? Não bastou que te convertesses em carne humana e caminhasses sobre a terra? Não bastou que deixasses Tua palavra e a promessa da Tua volta? Era necessário que fosses ainda mais longe? Devias estabelecer Tua morada em nós?

"Ou não sabeis", escreveu Paulo, "que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo?" (I Co 6:19, ACF).

Talvez não soubesse... Talvez não soubesse que Deus chegaria a tanto para assegurar Sua chegada para casa. Se esse não é seu caso, obrigado por permitir que lhe fizesse lembrar.

O mágico diz: "Olhe dentro de você e encontre seu eu". Deus diz: "Olhe dentro de você e encontre a Deus".

O primeiro o levará à cidade de Kansas [ou a qualquer outro lugar deste mundo].

O Último levará você para o Céu.

É você quem escolhe. Você decide!


- Texto extraído e adaptado de Max Lucado, “Quando Deus sussurra o seu nome”.

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